Este é um ambiente de STAGING. Não é o site de produção!
Voltar para notícias

Em coluna na Folha, Viana fala sobre ‘a felicidade nos números surreais’

 Reprodução da Coluna de Marcelo Viana na Folha de São Paulo. 

No livro “Números Surreais: Como dois ex-estudantes se dedicaram à matemática pura e encontraram a felicidade completa”, publicado em 1974 por Donald Knuth, Alice e Bill estão fazendo uma longa viagem para se encontrarem. Está indo bem, mas a felicidade não é plena: após tantos dias de férias, ambos sentem falta de um desafio. É então que encontram na praia uma pedra com uma inscrição antiga…

Embora o nome do personagem, Conway, não pareça hebraico, o texto tem semelhanças desconcertantes com o Livro do Gênesis: “No princípio era o vazio e Conway começou a criar números. E Conway disse: ‘Que haja duas regras que darão origem a todos os números, grandes e pequenos. A primeira regra será que cada número x corresponde a um par (Ex,Dx) de conjuntos de números previamente criados, tais que todo elemento do conjunto Ex é menor do que todo elemento do conjunto Dx. E a segunda regra será que x é menor ou igual do que y se todo elemento de Ex é menor do que y e todo elemento de Dy é maior do que x’. E Conway viu que essas regras eram boas.”

Os dois jovens se lançam com entusiasmo à tarefa de entender esses “números surreais” de Conway. Logo percebem que eles contêm os inteiros, as frações, e até os irracionais, em suma, todos os números reais que eles conhecem da faculdade.

Mas o mais excitante é que as duas regras produzem muito mais números, que eles não conheciam. Lá estão todos os infinitos descobertos por Georg Cantor, o enumerável ω e todos os infinitos não enumeráveis. Também estão todos os infinitamente pequenos, maiores do que zero, mas menores que todos os reais positivos.

Logo o jovem casal se apercebe de que o mundo dos números surreais contém muito, muito mais. Na verdade, é tão fabulosamente grande que os matemáticos não o consideram um conjunto: preferimos usar a denominação mais neutra de “classe”. Isso também quer dizer que a tarefa de criar esses números é necessariamente muito longa: sem chance de Conway poder descansar no sétimo dia…

Mas Alice está irrequieta por outra razão: “Por que estas coisas são números? Para serem números eles precisam poder ser somados, multiplicados, esse tipo de coisas.”

Partindo da segunda regra de Conway, o casal consegue provar que a classe dos números surreais é ordenada —dados dois surreais distintos quaisquer, um deles é maior do que o outro— tal como acontece com o conjunto dos números reais. Mas a pedra de Conway está quebrada e as regras da adição e da multiplicação estavam no pedaço que falta…

Leia na íntegra no site da Folha de São Paulo. 

Leia também: Folha: ‘No princípio, Conway criou os números surreais’