Na Folha, Viana comenta trajetória de Sophie Germain

Imagem: Wikimedia Commons
Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo
Marie-Sophie Germain nasceu em Paris em 1776. Seu pai, um comerciante abastado, foi eleito representante da burguesia nos Estados Gerais de 1789, onde nasceu a Revolução Francesa. É provável, portanto, que ela tenha presenciado muitas discussões políticas em casa. No entanto, sua vocação foi, desde cedo, a matemática.
A tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, lançou a capital da França num frenesi revolucionário. Por proteção, Sophie ficou retida em casa, onde, para matar o tédio, apelou para a biblioteca do pai. Lá encontrou as fascinantes obras de Isaac Newton, Leonhard Euler e Étienne Bézout, entre outros.
Leia mais: Instituto abre inscrições para eventos científicos
Florit e Fernandez falam sobre impactos da pseudociência
IMPA planta 1.000 mudas da Mata Atlântica em duas semanas
Jacques Cousin, matemático contemporâneo, encorajou o seu estudo da disciplina, mas os pais estavam longe de aprovar atividade tão “inadequada” para uma jovem “de família”. Proibiam que acendesse a lareira no quarto, e lhe negavam roupas quentes, para impedir que ficasse estudando à noite —o que ela continuou fazendo assim mesmo.
Em 1794, foi inaugurada a École Polytechnique de Paris, que logo iria se tornar uma das escolas de engenharia mais prestigiosas do mundo. Claro que mulheres não podiam se matricular, mas na época havia uma regra notável: as notas de aula tinham de ser disponibilizadas “para qualquer pessoa que as solicite”. Além disso, os alunos deviam “fazer comentários por escrito”.